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Artes Guerreiras

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segunda-feira, 14 de março de 2011

Banzumbi: arte, dança, luta e cultura - PARTE II




Mestre Pastinha

Dois nomes que contribuíram para que a Capoeira se consolidasse como arte marcial na sociedade brasileira. Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, ou Mestre Pastinha(1889-1991), é o menos lembrado, mas foi com ele que tudo começou. Com competência e dedicação destacou-se como o primeiro a pensar na Capoeira como um jogo, criando método de ensino que facilitaram o entendimento da luta como uma expressão artística.
O guardião da Capoeira Angola aprendeu a Capoeira com um velho negro africano que um dia ao ver o pequeno Pastinha sempre apanhar nas brigas
de rua prometeu ensinar ao jovem algo de grande valia, que o menino utilizaria para a vida toda.
Em depoimento ao Museu da Imagem e do Som (MIS), em 1967, o Mestre contou como tudo começou :
“Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se
meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza. Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia”
O velho africano estava certo. O menino Pastinha cresceu, trabalhou como estivador, marinheiro e leão de chácara (segurança). No entanto, nunca deixou de lado a luta que aprendeu. Em 1941, fundou a primeira escola de Capoeira reconhecida pelo governo baiano, O Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), onde formou mais de 10 mil alunos. A escola localizada na cidade de Salvador, especificamente no Largo do Pelourinho, na Bahia, não teve a sua relíquia preservada e hoje abriga um estabelecimento comercial.
O angoleiro mais conhecido no mundo da Capoeira não abandonou a arte que aprendeu quando menino, nem mesmo quando ficou cego. Apesar do reconhecimento e da fama por diversos países, Pastinha morreu muito doente e pobre em 1981, em Salvador. Mas segundo ele, com o destino de dedicar a vida a Capoeira cumprido.
Mestre Bimba
Responsável por incorporar a Capoeira tradicional ao batuque nordestino, criando o estilo da Regional e por legitimar a arte dos negros diante da sociedade brasileira, Manuel dos Reis Machado, o famoso Mestre Bimba (1900-1974), conseguiu tirar o esporte da marginalidade. A contribuição de Bimba para esta arte não parou por ai. Ele criou também o ritual do batizado e formatura que são seguidos até hoje pelas escolas de Capoeira de todo o mundo.
Mestre Banzo destacou durante o curso a importância das oito sequências criadas por Mestre Bimba, que trouxeram dinamismo e didática ao jogo, mostrando que a Capoeira era muito mais do que uma dança. Banzo ressaltou também o papel do Mestre Vermelho 27 na vida de Bimba. Segundo ele, foi Vermelho 27 quem anotou os toques de berimbau e as sequências de Bimba, quando o criador da Regional já estava quase morrendo em Goiás.
O Mestre do Cordão de Ouro fez questão de lembrar que Bimba largou tudo o que tinha na Bahia por orgulho. Insatisfeito com a falta de reconhecimento do governo baiano, Mestre Bimba resolveu tentar a vida pela região centro-oeste. “Não voltarei, mas aqui, nunca fui lembrado pelos poderes públicos; se não gozar nada em Goiânia, vou gozar do cemitério”, disse Bimba durante a última formatura, a chamada 'formatura do adeus' realizada em Salvador, em 1973, um ano antes da sua morte em Goiânia.

Contribuições de Mestre Bimba:
  • Criou a Capoeira Regional, na época consistia de 52 golpes.
  • Criou um método de ensino, a chamada sequência de Bimba que consiste em 8 sequências de ataque e defesa para serem executados na roda..Criou a sequência de cintura desprezada, uma série de movimentos cinturados, que os alunos podiam jogar depois de formados, ao toque de iuna.
  • Criou o batizado de capoeira, um ritual onde o aluno iniciado na capoeira recebendo um apelido e sua primeira graduação.
  • Criou a graduação na capoeira, que consistia em 4 lenços de esguio de seda:
1º lenço cor azul – aluno formado
2º lenço cor vermelho – aluno formado e especializado

3º lenço cor amarelo – curso de armas
4º lenço cor branco – mestre de capoeira.

Atualmente o sistema de graduação varia de grupo para grupo. Alguns se fundamentam nas cores da bandeira do Brasil. Outros optam por criar seus próprios critérios ou seguir uma Federação.
Assessoria de Comunicação do Grupo Cordão de Ouro Petrópolis

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