Devido à ênfase na propriocepção durante o treinamento, a ativação das unidades motoras provenientes da movimentação lenta e continua deve ser ininterrupta partindo do centro para as regiões distais, observando sempre os sutis alertas como tensões de estiramento e contração muscular, emitidos a partir dos fusos musculares, aproveitando assim dos mecanismos de relaxamento dos músculos. Dessa forma intenta-se obter o movimento com o mínimo de contração necessária, partindo sempre de um impulso proveniente do centro do corpo (na maioria dos movimentos do tai chi chuan os movimentos são impulsionados pelo quadril), utilizando a contração muscular e a elasticidade dos tendões como estilingues nos movimentos mais explosivos e rápidos (fa jing).
O desencadear suave de um padrão para outro utiliza predominantemente as fibras musculares de contração lenta, permitindo aprimoramento na vascularização e resistência, já que grande parte das series de exercícios são longas e continuas, e nas praticas estáticas deve-se manter o corpo em leve contração/ relaxamento por mais 20 minutos, fortalecendo a estrutura óssea e tendínea..
Durante os exercícios de chi kung, a execução das formas de desencadeamento exige do praticante que ele procure movimentar-se ou sustentar-se em certas posturas mantendo o tônus e o relaxamento, sugerindo a todo instante avaliar a seu grau de tensão muscular e articular. De acordo com Mantak Chia, o efeito desse método é permitir que a musculatura seja mais irrigada pelo sangue e pelo chi, e o corpo sustentado pelos ossos o que permite o aprimoramento da força e da flexibilidade, estimulando também a produção de calor.
Supõe-se que a ênfase na percepção de detalhes de contração e relaxamento também possa estimular as fibras tipo IIc, as quais estimulam reenervação das fibras e produz mudanças nas unidades motoras, permitindo variações de no grau de contração e nas seqüências de ativação de fibras, embora não se encontre muita informação e pesquisas a cerca desse fato.
“A partir do menor movimento, todo o corpo deve estar leve e ágil, com todas as partes ligadas. Convém estimular o sopro, concentrar o poder espiritual, fazer de modo que os movimentos não apresentem nenhuma ruptura, que não tenha reentrância nem saliência e não apresentem descontinuidade. A energia enraíza-se nos pés, desenvolve-se nas pernas , é comandada pela cintura e manifesta-se nos dedos. Dos pés às pernas, das pernas à cintura, é mister uma unidade perfeita; assim seremos capazes, no avanço e no recuo, de captar o momento propicio e obter uma posição vantajosa. Caso o contrario, o corpo será deslocado, desfeito proveniente das pernas e da cintura.”
“Aplica-se o principio seja qual for a direção. Tudo isso é uma caso de intenção e não uma coisa exterior. O alto não vai sem o baixo, nem a esquerda sem a direita, nem o dianteiro sem o traseiro; se a intenção é ir para cima, coloquemos o pensamento voltado para baixo, exatamente como quando queremos arrancar um planta; se lhe acrescentarmos a idéia de torção, é certo que a própria raiz se romperá e será rapidamente destruída. Convém distinguir claramente o ‘vazio’ do ‘cheio’. Cada parte do corpo corresponde ao ‘vazio’ ou a ‘plenitude’. O corpo deve estar ligado, articulação por articulação, sem nenhuma descontinuidade.” (tratado sobre Tai Chi Chuan - atribuído a Zhang Sanfeng, Século XIII – Dinastia Song.)
Ao movimentar-se o praticante deve ser como uma unidade guiada pelo centro, se uma parte do corpo todo corpo se movimenta, recrutando um grande numero de unidades motoras, possivelmente estás sendo recrutadas seletivamente em seqüência partindo de um lado do corpo ao outro de modo cruzado ou não. Por exemplo se a intenção é socar com o punho direito, o praticante devera recolher-se levemente para esquerda levando o peso juntamente com uma sutil torção de quadril, e partindo daí projetar todo corpo para direita lançando o punho, como se fosse uma flecha lançada por um arco. Vê-se neste exemplo o aproveitamento da energia elástica dos músculos e tendões.
Ao estruturar o corpo, o tai chi chuan faz com que as articulações dêem formas arredondadas ao corpo, favorecendo com isso a sustentação pelo encaixe de ossos e articulações, permitindo melhor liberdade de contração e relaxamento aos músculos e tendões, aproveitando da flexibilidade dessas estruturas para se sustentar e mover.
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